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A Coréia do Sul mostrou o caminho para enfrentar a COVID-19: não foi a vacina, mas a união entre gov

Erico Vasconcelos [A] Diretor-Fundador da UniverSaúde

Eu participava de uma videoconferência estes dias com um dos Representantes destas Farmacêuticas grandes que estão desenvolvendo a vacina para o novo Coronavírus quando fomos surpreendidos com um apontamento dele em meio a ansiedade de uma pessoa que questionava quando ela estaria disponível. Ele disse em alto e bom som: “A vacina em nenhuma hipótese pode ser considerada plano A para a “virada de página da pandemia no Brasil. A vacina é plano B. O plano A é lavar as mãos, usar máscaras e evitar aglomerações”.

Haveria muito que discorrer sobre este tema, sobretudo em meio ao debate atual (e esquizofrênico!) sobre a sua obrigatoriedade e a ansiedade de uma Nação ao transferir para a vacina a solução para todos os problemas que se apresentam no momento. E vamos combinar que este movimento, apesar de usual por aqui, pode não ser bom sobretudo porque não será única e exclusivamente a vacina que dará conta da delicadeza e complexidade das circunstâncias que estamos diante.

A UniverSaúde acredita que a maior aproximação entre governos e sociedade, protagonizando de forma articulada e integrada no combate à pandemia por meio das tecnologias digitais, reúne potência para fazer toda a diferença quanto aos desafios que se apresentam para o Brasil. Esta é A agenda de caráter estrutural que precisamos fazer acontecer e que demanda sim empenho, dedicação e articulação de esforços para que superemos este difícil período.

É este o consenso entre estudiosos, cientistas e outras autoridades no assunto espalhados pelo nosso País afora. As soluções apresentadas até o momento não entregaram as respostas que nós ansiamos. Em vez disso, governantes permanecem fabricando celeumas em função da obrigatoriedade da vacina, dentre outras bizarrices, trazendo expectativas, tensão e angústia a todos. E assim lá se vão mais de 5,5 milhões de casos confirmados de COVID-19 e 157 mil óbitos tristemente registrados pela doença no Brasil.

Dada a “escuridão” e a ausência de informações relativas ao modo como o vírus avançava pelo País e como nos afetava em meados de março e abril/2020, a UniverSaúde se engajou nos estudos sobre soluções que melhorassem a notificação dos casos suspeitos a fim de conter a circulação do vírus. Foi quando conhecemos a experiência bem-sucedida da Coreia do Sul de detecção e isolamento do Coronavírus marcada, dentre outras ações, pela utilização de aplicativos móveis para o monitoramento e rastreamento das pessoas em tempo real e o isolamento dos casos positivos e nos questionamos: por quê uma ação como esta não seria possível no Brasil?

A máxima de que “problemas complexos demandam soluções complexas” está posta mais do que nunca neste instante. No jornal O Estado de São Paulo de 11/10/2020, o Professor Edimilson Migowski, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que “o Estado brasileiro perdeu com o baixo alcance do sistema de vigilância” voltado para identificar, monitorar e cuidar das pessoas infectadas. Ele reiterou nesta reportagem que “as estratégias atuais estariam muito concentradas na profilaxia e na prevenção” e que “é preciso avançar em ações para além do uso de máscaras e do incentivo à etiqueta de higiene respiratória“. Professor Migowski encerra dizendo: “Não existe trabalho nos outros dois pilares: instrumentalizar para que se identifique os casos e tratar precocemente os pacientes“. [1]

Tal ponto de vista foi corroborado por Guilherme Werneck e Arthur Aguillar em uma reportagem publicada pela Folha de São Paulo dias antes em julho/2020 dizendo que “não haverá saída segura sem um sistema robusto de monitoramento contínuo da saúde das pessoas e comunicantes“. [2] O biólogo Fernando Reinach, colunista do jornal do Estado de São Paulo, disse em 08/08/2020 que a estratégia mais correta seria “(…) implementar a identificação e o isolamento imediato das pessoas infectadas e seus contatos“. [3]

A pandemia do novo Coronavírus convocou toda a Sociedade brasileira a partir para o digital. E fez adiantar um suposto futuro que se apresenta agora diante dos nossos olhos. Sabemos ainda que o controle da sua transmissão demanda a associação de informação e inteligência gestora para o seu melhor governo e as tecnologias digitais podem representar um verdadeiro “divisor de águas” ao ajudar na geolocalização e georreferenciamento de medidas de cuidado e proteção dos casos confirmados, suspeitos e assintomáticos, dentre uma infinidade de outras possibilidades, por exemplo. A UniverSaúde acredita que a oportunidade de um “novo normal” liderado por gestores “early-adopters“ de empresas e municípios lançará “as sementes para um novo tempo” em uma caminhada pela maior potência no enfrentamento desta pandemia.

As tecnologias digitais se utilizadas de forma adequada – em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – unirão governos e sociedade em torno deste grave problema que os afetam e que exige de todos articulação de esforços e união para a sua recriação, transformando os seus espaços em lugares certamente mais saudáveis e inteligentes para se viver.

REFERÊNCIAS:

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[1] Erico Vasconcelos é cirurgião-dentista, estomatologista, especialista em Terapia Comunitária, em liderança e desenvolvimento gerencial de organizações de saúde e com MBA em gestão de pessoas. É apaixonado pelos desafios da gestão dos serviços de saúde. Há 15 anos atua na gestão da Atenção Básica, do SUS, na Segurança e Qualidade e na Gestão Estratégica de Pessoas. Foi gestor de saúde de diversas organizações privadas e municípios. Recentemente atuou no governo federal elaborando políticas e desenvolvendo ações de apoio e educação. Desde 2005 atua na formação em serviço de gestores e profissionais de saúde pelo Brasil afora. Trabalhou como Tutor e Coordenador de Cursos na EaD da ENSP, UnASUS-UNIFESP e na UFF. Foi Professor de Saúde Coletiva da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e em outros cursos de várias Universidades. Fundou a UniverSaúde em 2017, uma startup para a Saúde que ajuda gestores do SUS a fazerem mais e da melhor maneira possível com menos dinheiro, associando informação e inteligência por meio de tecnologias digitais. Já trabalhou em mais 30 organizações e hoje atua em diversos projetos potentes com organizações públicas e privadas.

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