Menos esforço, mais resultados: o poder da eficiência no SUS
- ericovasconcelos4
- há 3 dias
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Erico Vasconcelos [A]

A eficiência é a capacidade de transformar recursos limitados em melhores resultados. No Sistema Único de Saúde (SUS), isso significa utilizar cada real, profissional e minuto de trabalho com foco naquilo que realmente gera impacto positivo na saúde da população. Dentre as muitas tipificações existentes para a “eficiência”, apresentamos 3 delas:
Técnica: fazer bem feito com os recursos certos. Por exemplo: Uso de protocolos clínicos padronizados para reduzir variações de conduta entre profissionais e garantir que o atendimento siga o melhor padrão técnico possível.
Alocativa: aplicar recursos onde geram mais impacto. Por exemplo: Investir mais na atenção primária para prevenir complicações e reduzir a demanda por serviços de urgência.
Operacional: melhorar os processos e evitar retrabalho. Por exemplo: Digitalizar a marcação de consultas para eliminar filas presenciais e redistribuir a equipe administrativa para tarefas mais produtivas.
A eficiência não é sinônimo de corte. É sinônimo de inteligência na aplicação dos recursos. Envolve medir, comparar, corrigir e evoluir. O conceito de eficiência acaba por nos remeter à relação entre os resultados alcançados e os recursos utilizados para alcançá-los. Segundo Donabedian (1980), um dos pais da avaliação em saúde, sistemas eficientes são aqueles que maximizam os ganhos em saúde a partir de um determinado nível de insumos, respeitando padrões de qualidade e segurança.
O relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2017) identifica que até 20% dos gastos em saúde são ineficientes ou desperdiçados, seja por duplicidade de ações, excesso de exames, erros administrativos ou uso inadequado de tecnologias. No Brasil, essa realidade é ainda mais crítica diante da limitação estrutural do subfinanciamento. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU, 2021), um dos maiores problemas da gestão municipal do SUS é a baixa capacidade de transformar investimento em valor para o cidadão, em razão de falhas sistêmicas nos processos e na governança.
Outro ponto importante é rebater um mito: eficiência não é um conceito neoliberal ou economicista, mas um pilar da equidade. Quando um município desperdiça recursos, ele compromete o atendimento dos que mais precisam. Portanto, eficiência é também justiça social. Cada gasto mal alocado ou cada retrabalho representa um atendimento que deixou de ser feito. Um exemplo: segundo estudo publicado na Revista de Saúde Pública (Souza et al., 2019), cerca de 60% das internações por complicações de diabetes e hipertensão são evitáveis com atenção primária à saúde qualificada. Isso representa bilhões em gastos hospitalares evitáveis todos os anos.
Por que a eficiência importa?
Mais de 30% dos recursos da saúde são desperdiçados por má gestão, decisões mal embasadas ou processos desorganizados. A eficiência é vital para:
Atrair mais recursos: Municípios que apresentam bons indicadores e organização administrativa recebem mais recursos do Previne Brasil. Por exemplo: Um município que mantém atualizados os cadastros da população e monitora hipertensos consegue aumentar sua captação ponderada.
Reduzir desperdícios: Cortar custos sem prejudicar o serviço é possível. Por exemplo: Um município que revisa seus contratos de exames laboratoriais pode descobrir fornecedores mais eficientes e reduzir gastos em até 20%.
Ganhar credibilidade: Entregar resultados gera confiança do Prefeito e apoio político. Por exemplo: Mostrar dados de aumento de cobertura vacinal ou queda nas internações pode ser decisivo para manter apoio institucional.
Portanto, a melhoria da eficiência no SUS municipal não depende exclusivamente de tecnologia de ponta ou grandes investimentos, mas sim de:
Capacidade técnica da gestão
Adoção de modelos de melhoria contínua
Governança baseada em dados e evidências
Envolvimento das equipes e da comunidade
Eficiência é ciência aplicada à gestão pública. Eficiência não é um luxo — é uma obrigação ética e técnica. Permite entregar mais saúde de forma integrada com os recursos disponíveis e posiciona o gestor como protagonista da solução.
A construção de uma agenda nacional de eficiência depende da mobilização dos secretários municipais como líderes sedentos por mudanças. Mais do que uma agenda administrativa, a eficiência é uma nova forma de pensar o SUS: planejado, resolutivo, inteligente e comprometido com resultados. Agora é sua vez: adapte, implemente e transforme.
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[A] Erico Vasconcelos é cirurgião-dentista, estomatologista, especialista em Terapia Comunitária, em liderança e desenvolvimento gerencial de organizações de saúde e com MBA em gestão de pessoas. Há 19 anos atua na gestão da Atenção Básica, do SUS, na Segurança e Qualidade e na Gestão Estratégica de Pessoas de organizações de saúde. Foi gestor de diversas organizações privadas e municípios. Atuou no Ministério da Saúde entre 2013 e 2016 no Departamento de Atenção Básica elaborando políticas e desenvolvendo ações de apoio e educação. Desde 2005 atua na formação em serviço de gestores e profissionais de saúde pelo Brasil afora. Trabalhou como Tutor e Coordenador de Cursos na EaD da ENSP, UnASUS-UNIFESP e na UFF. Foi Professor de Saúde Coletiva da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e em outros cursos de várias Universidades. Fundou a UniverSaúde em 2016, uma empresa que ajuda gestores a reduzirem custos e a captarem novos recursos com resultados rápidos, fortalecendo a governança e promovendo a sustentabilidade financeira e organizacional da Saúde. Atualmente trabalha como Tutor do HCor em uma iniciativa do PROADI-SUS/Ministério da Saúde e desenvolve parceria com a empresa de tecnologia OM 30 de São Paulo-SP.
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