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Quando a vida fica em “stand by”

Erico Vasconcelos [A] Diretor-Fundador da UniverSaúde

Quando a vida fica em “stand by” você entra em “modo de espera”. A vida pausa. Passa à frente pelos seus olhos. Quando você “sai de cena”. Você ali, em cima do muro. No varal. Pendurado.

Quando a vida fica em “stand by” você vira um grande pacote de expectativas e ansiedade. Você excesso de futuro remoendo passados. Que revive tempos que passaram e que gostaria de tê-los aproveitado mais. Você projetando coisas que nem sabe se vão acontecer.

Quando a vida fica em “stand by” você vira uma “bomba-relógio”. Tenta não transparecer o que sente. Finge ser o que não é ou que não está. Quando o “eu impaciente” e posto à prova conflita com a crueldade imposta pelo momento e que te põe à prova.

Quando a vida fica em “stand by” você desencana de dormir. A taquicardia passa a fazer parte do início das noites. Quando você desliga o “não perturbe” de madrugada. À espera da notícia. À espera de um possível pior.

Quando a vida fica em “stand by” você se põe no lugar do ser que motiva o “stand by”. Imagina coisas. Da consciência ao inconsciente. Do eventual sofrimento. Dos furos e mais furos. Do agito. Dos desconfortos. Da chance de virar uma mosca para sobrevoar por lá e vê-lo para conferir como está. Se tudo vai bem.

Quando a vida fica em “stand by” determinados conceitos deixam de ser razoavelmente compreendidos. “O paciente está grave, mas estável” talvez seja a melhor tradução da esquizofrenia reinante. Tipo tá ruim mas tá bom. Você na plenitude da sua impotência. Da indignidade. Da sua pequenez.

Quando a vida fica em “stand by” você parte em busca da resposta para os “porquês”. Para a busca por explicações que de fato não se explicam. Para o quê não tem mais que se explicar. Que “tinha que passar por isso”. Que “chegou o dia dele”. Falas ao vento. Simplistas. Reducionistas. Fatalistas. Que levam do nada ao lugar nenhum.

Quando a vida fica em “stand by” a linguagem verbal fica prolixa. Quando o dizer é dito pelo dito e também pelo não dito. Presente por todos os cantos. Atencioso sim, carinhoso sim, compreensível sim, protetor sim, cuidadoso sim. Porém, inespecífico. Genérico. Humano. Sem subsídio.

Quando a vida fica em “stand by” você entristece muito. Retira-se. Afasta-se. Todos percebem. Vive cenários fantasiosos. Imagina futuros possíveis. Projeta realidades com potência para não se concretizarem. Perde tempo.

Quando a vida fica em “stand by” você fica cinza e sem gosto. Nem mesmo as mais simples alegrias cotidianas deixam a realidade mais colorida e saborosa. Olhar fixo e orientado para o vazio. Para o nada.

Quando a vida fica em “stand by” você atrai contatos adormecidos pelas circunstâncias e retoma conversa com gente querida que jurava não encontrar mais. Pessoas que te marcaram tornam à cena. Conexões cheias de sentido simbolizando um lampejo de alegria. Uma simples mensagem sentida como um forte e acolhedor abraço. Como um chacoalhão de um despertar para o real significado da vida.

Quando a vida fica em “stand by” você muda. Passa a prestar atenção às coisas simples e valiosas que em algum momento você deixou de dar o devido valor. A cabeça amplia, você se abre. Transforma para melhor. Mágoas e ressentimentos passam a ocupar um outro lugar, secundário em sua importância. Você mais maduro. Você forte. Mais preparado.

Quando a vida fica em “stand by” você enxerga melhor lá do alto o que acontece lá embaixo. E se revê na sua finitude. O “modo de espera” como oportunidade para o salto de qualidade. Para agradecer pela chance da preparação. Para lá ou pra cá. Para o que seja o que for.

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[A] Erico Vasconcelos é cirurgião-dentista, estomatologista, especialista em Terapia Comunitária, em liderança e desenvolvimento gerencial de organizações de saúde e com MBA em gestão de pessoas. Há 15 anos atua na gestão da Atenção Básica, do SUS, na Segurança e Qualidade e na Gestão Estratégica de Pessoas. Foi gestor de saúde de diversas organizações privadas e municípios. Atuou no Ministério da Saúde entre 2013 e 2016 no Departamento de Atenção Básica elaborando políticas e desenvolvendo ações de apoio e educação. Desde 2005 atua na formação em serviço de gestores e profissionais de saúde pelo Brasil afora. Trabalhou como Tutor e Coordenador de Cursos na EaD da ENSP, UnASUS-UNIFESP e na UFF. Foi Professor de Saúde Coletiva da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e em outros cursos de várias Universidades. Fundou a UniverSaúde em 2016, uma startup que ajuda pessoas e organizações a conquistarem mais Saúde integrando gestão, educação e tecnologias Já trabalhou em mais 40 municípios e organizações. Cursa atualmente a pós-graduação do Master de Liderança e Gestão (MLG) do Centro de Liderança Pública (CLP).

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