Maria Aparecida Pinheiro Piedade [1] Membro do Time de Lideranças e Mentora Associada da UniverSaúde
Quis a vida que durante a quarentena eu tivesse um problema de saúde; não foi covid-19. E para me cuidar precisei sair por motivos diferentes, ir ao mercado ou a farmácia a cada 10-15 dias.
Qual a surpresa? Pessoas andando pelas ruas despreocupadas, correndo sem máscara, em alguns locais reunindo amigos. Ok, você pode me dizer que não acredita que as coisas sejam tão sérias, que não faz parte dos grupos de risco.
Muitas vezes vi pessoas iniciarem palestras falando de um jeito meio acanhado “é estranho dizer que temos que humanizar o ser humano”, incrível, mas é real. Se por um lado temos muitas pessoas solidárias acreditando em um mundo melhor pós pandemia, temos também pessoas tripudiando e expondo seus semelhantes.
Como sabemos diversas entidades da saúde como a OMS, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, governos do Estado, Prefeituras e o Ministério da Saúde recomendaram à população o uso de máscaras para proteção contra o Coronavírus. Conforme as informações divulgadas pela mídia, duas pessoas sem máscaras ao se cruzarem, o risco de contágio é muito alto caso uma delas esteja contaminada. Já uma pessoa com covid-19 sem máscara ao cruzar com outra que esteja usando máscara tem um risco alto. No caso se a pessoa com covid-19 estiver de máscara e o outro sem, a probabilidade de contágio é média e se as duas pessoas estiverem utilizando a máscara a probabilidade de contágio é baixa.
Depois desta chacoalhada que o mundo levou precisamos pensar no seu e no meu direito a vida! No meu e no seu dever de cuidar. Sempre digo que todo direito corresponde a um dever e neste momento temos você e eu o direito a vida e ao mesmo tempo eu e você o dever de cuidarmos um do outro.
Diariamente os profissionais de saúde, motoristas, cozinheiros, jornalistas, coletores, padeiros saem de suas casas para nos servir, para cuidar de nós e precisamos e temos o dever de respeitar sua dedicação, sua exposição. A vida é única! Ainda bem que muitas pessoas foram curadas, mas o número de contaminados e de mortos é muito grande e continua crescendo.
As pessoas que se foram eram o amor de alguém, qual valor a vida das pessoas que você ama tem para você? Para mim elas são “o meu tudo” e cada vida importa.
Nas reuniões de equipe, antes de eu me aposentar e ainda hoje na Saúde discute-se o que fazer pelas pessoas hipertensas, diabéticas, para incentivar a vacinação, o cuidado com a dengue e por aí vai. O pessoal da saúde se preocupa com as pessoas, com a vida e trabalha para minimizar suas dores, sofrimentos, muitas vezes para curar e algumas para apoiar com cuidados paliativos.
Verdade seja dita que a responsabilidade é de cada um e de todos juntos. O melhor remédio do mundo não cura quem não o toma direito. Profissionais e pacientes são corresponsáveis.
A conversa espichou e estou aqui refletindo sobre o título da nossa conversa e penso se quero ser inocente ou culpada pelo que acontece com o outro. O outro de alguém, o outro que é importante para mim e para você. Penso ainda que quando ignoramos as recomendações dos profissionais da Saúde Pública podemos eu e você ou você e eu virarmos estatística e vale lembrar que em suas tabelas temos sempre os contaminados, os curados e os mortos pela covid-19.
Use máscara! Lave as mãos! Cuide do próximo! Cuide-se!
_____________________________
[1] Maria Aparecida Pinheiro Piedade – Assistente Social (PUC-SP) e Especialista em Saúde Pública (USP-SP). Formada em gestão de projetos de investimentos em saúde (UAB-ENSP-FIOCRUZ) e em aperfeiçoamento de educação em saude – Facilitadora do processo ensino-aprendizagem à distância (ENSP-FIOCRUZ-Sírio Libanês)
Yorumlar